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Universidade Federal do Ceará
Museu de Arte da UFC – Mauc

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Exposição 2009.08 – Fogo-Fátuo – Otacílio de Azevedo, Herbert Rolim e convidados – 16/12/2009

Ao concluir a pesquisa de mestrado intitulada Otacílio de Azevedo sob a perspectiva da arte anfíbia: literatura e pintura, pela Universidade Federal do Ceará UFC, em 2004, considerei que precisava ampliar seu alcance para além das prateleiras da biblioteca desta instituição, de modo que pudesse reafirmar mais amplamente a produção deste pintor e poeta como herança histórica de uma tradição sobre a qual se fundam as bases para um entendimento da arte contemporânea cearense.

Para isso, o primeiro passo foi publicar o livro Arte anfíbia: o caso Otacílio de Azevedo mediante a concordância, por unanimidade, do conselho das Edições UFC e o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará IFCE. Depois, como motivação para o lançamento de sua primeira edição, surgiu a idéia desta exposição, apresentando um recorte retrospectivo da obra pictórica e literária de Otacílio, juntamente com uma individual minha e uma coletiva de artistas visuais e poetas, cujos trabalhos dialogam com o retrato e a paisagem nos dias de hoje, em Fortaleza – gêneros de que Otacílio foi exímio em seu tempo.

Fogo-Fátuo que dá título a esta exposição baseia-se em um poema homônimo de Otacílio de Azevedo e é empregado no sentido de gases inflamáveis que emanam de sepulturas como facho em combustão, numa analogia à própria figura deste pintor e poeta que, aparentemente esquecido, mantém acessa sua chama capaz de, no campo simbólico, provocar idéias e sentimentos. Trata-se, portanto, de um tributo.

Esta exposição divide-se em três módulos e têm como viés curatorial o retrato e a paisagem a partir da obra de Otacílio de Azevedo. O primeiro segmento contextualiza sua poesia e pintura, ressaltando depoimentos de escritores como Antônio Sales, Mário Linhares, Dolor Barreira, entre outros, que o consideravam como um dos maiores poetas de sua geração. Nas artes plásticas, segundo o artista plástico e historiador Nilo Firmeza (Estrigas), ele foi um dos destaques da pintura cearense nas décadas de vinte e trinta, ao lado de Gerson Faria.

O segundo núcleo da exposição traz a série Homem/Planta com desenhos, objetos e instalações de minha autoria, motivada pela pesquisa sobre a obra de Otacílio de Azevedo, em que o retrato e a paisagem se entrecruzam e formam um corpus híbrido, inter-relacionando elementos do corpo humano e da natureza vegetal, formando um todo das partes e vice-versa. A representação de tal fenômeno reflete uma ciência da forma na natureza e na arte, tão presente na obra deste poeta e pintor.

Por último, uma coletiva de artistas visuais (Alexandre Veras, André Luiz, Ana Cristina Mendes, Carlos Costa, Cristiane Soares, David da Paz, Emanuel Oliveira, Enrico Rocha, Diego de Santos, Grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação, Jacqueline Medeiros, Jared Domício, José Guedes, Júlio Lira, Jussara Correia, Maíra Ortins, Marina de Botas, Maurício Coutinho, Milena Travassos, Roberto Galvão, Ruth Vaz, Salet Rocha, Sigbert Franklin, Simone Barreto, Solon Ribeiro, Ticiano Monteiro, Valeria Américo e Weaver Lima) e de poetas (Alexandre Barbalho, Carlos Augusto, Carlos Emílio, Di Anton, Julio Lira, Manoel Ricardo, Uirá dos Reis e Tânia Lima) que trabalham na contemporaneidade os gêneros retrato e paisagem, alguns de modo literal e outros de forma expandida em que os limites fronteiriços se tangenciam.

Com isso, conferimos a Otacílio de Azevedo um lugar de destaque no cenário da literatura e da história da arte cearense do século XX como seguidor dos grandes mestres e fonte balizadora para os artistas das novas gerações.

Herbert Rolim
Artista Visual e Prof. Ms. do IFCE


Quem é Otacílio de Azevedo

Pintor, poeta e prosador, ao mesmo tempo, Otacílio de Azevedo faz parte dos grandes nomes da Literatura Cearense, aclamado pelo escritor Antônio Sales e pelo poeta e historiador Dolor Barreira, entre outros, como um dos versejadores mais brilhantes de sua geração. No segmento das Artes Plásticas, conforme relato do artista e historiador Nilo Firmeza, também se dá a Otacílio o reconhecido valor pela sua inserção na vida artística e cultural local, principalmente, nas décadas de vinte e trinta, ao lado do pintor Gerson Faria.

Este enfoque, portanto, sobre Otacílio de Azevedo, deve-se à sua real dimensão histórica no cenário da Literatura Cearense, como poeta parnasiano, pós-romântico e simbolista, e no campo das Artes Plásticas, como retratista e paisagista. Diante disso, pretendemos afirmar a obra de Otacílio como referência de arte plural, literária e pictórica, e reafirmá-la como herança histórica de uma tradição sobre a qual se fundam as bases para um entendimento da nossa produção artística e cultural nos dias de hoje.


Vida e obra

Curiosamente, a história do homem Otacílio se confunde com a do poeta e pintor, sua vida está, por assim dizer, marcada nas linhas de sua prosa e poesia, tal como sua biografia está delineada nas imagens originárias de sua palheta.

Nascido em Monte Alegre, lugarejo próximo de Redenção, em 1896, Otacílio desde cedo, órfão de pai aos 8 anos, já se iniciava no mundo do trabalho, como funileiro, manufaturando funis e lamparinas. Dessa época datam os primeiros passos em direção às aspirações poéticas, compondo pequenas trovas.

Aliás, essa experiência de Otacílio de Azevedo no ofício de funileiro, ainda menino, viria refletir-se na sua maturidade com o poema “Aquela Lamparina”, em que ele tece um paralelo entre a artesania do utilitário e o fazer poético. Mais tarde, já em Fortaleza, trabalhou como pintor de paredes e bondes, foi ainda pintor e aprendiz de fotógrafo, letreirista, porteiro e operador de cinema. Não esquecendo que em 1969, embora nunca tendo freqüentado uma escola, ingressou na Academia Cearense de Letras, ocupando a Cadeira de no 26, cujo Patrono é Manuel Soares da Silva Bezerra. Com a morte de Otacílio, em 1978, assume sua vaga o escritor Lúcio Alcântara, ex-governador do Estado do Ceará.


Por que Otacílio de Azevedo

No dia 3 de abril de 1978, com oitenta e dois anos, falecia na casa de no 757 da Rua Jaime Benévolo, no 757, o poeta e pintor Otacílio de Azevedo, uma das figuras mais atuantes da primeira metade do século XX no cenário artístico cultural do Ceará, segundo depoimentos de grandes nomes da historiografia e da literatura cearenses, como Antônio Sales, Mário Linhares e Dolor Barreira.

No entanto, passados mais de cem anos de seu nascimento e quase trinta de sua morte, a verdade é que pouco se tem feito pela preservação da memória desse singular artista e escritor cearense, sobretudo quando se tem em mente a formação das novas gerações.

Se o escritor Otacílio de Azevedo, nos dias de hoje, parece esquecido, mesmo com todas as glórias de constar nas mais importantes antologias e de ter ocupado a Cadeira n.o 26 da Academia Cearense de Letras, o pintor Otacílio, no campo das Artes Plásticas, tem seu nome menos lembrado ainda, sem nenhuma exposição investigativa sobre sua vasta produção, que lhe assegure o valor histórico merecido.

É neste sentido, portanto, de trazer à cena sua importância histórica, que o IFCE, antigo CEFETCE, dentro das comemorações do seu centenário, em parceria com o MAUC apresenta este projeto.


O que é Fogo-Fátuo

Fogo-Fátuo, que dá título ao evento, faz referência a um poema homônimo de Otacílio de Azevedo, aqui levado em conta no seu sentido de fogaréu, de onde se originam matérias inflamáveis, capazes de, no campo simbólico, provocar idéias e sentimentos.

A idéia é apresentar Fogo-Fátuo como um conjunto de acontecimentos que agrupa o lançamento do livro Arte Anfíbia: O Caso Otacílio de Azevedo (de autoria do professor e artista Herbert Rolim) e a exposição Otacílio de Azevedo, Herbert Rolim e Convidados (artistas visuais e poetas).

A exposição, de acordo com a disposição das salas do MAUC, dividir-se-á em três núcleos.

1º Núcleo: Recorte retrospectivo da obra de Otacílio de Azevedo com pinturas, poemas, fotografias, livros e depoimentos.

2º Núcleo: Individual do artista Herbert Rolim com desenhos, objetos e instalações, relacionados à pesquisa sobre Otacílio de Azevedo.

3º Núcleo: coletiva de artistas visuais (Alexandre Veras, André Luís, Carlos Costa, Cristiane Soares, David da Paz, Emanuel Oliveira, Diego de Sousa, Grupo Meio Fio de Pesquisa e Ação, Jacqueline Medeiros, José Guedes, Júlio Lira, Maíra Ortins, Marina de Botas, Maurício Coutinho, Milena Travassos, Roberto Galvão, Ruth Vaz, Salet Rocha, Sigbert Franklin, Simone Barreto, Solon Ribeiro, Ticiano Monteiro, Valeria Américo e Weaver Lima) e de poetas (Alexandre Barbalho, Carlos Augusto, Carlos Emílio, Di Anton, Julio Lira, Manoel Ricardo, Uirá dos Reis e Tânia Lima) que trabalham na contemporaneidade os gêneros retrato e paisagem, num diálogo com a obra de Otacílio de Azevedo.


Curador

Herbert Rolim. Doutorando pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Portugal. Mestre em Literatura pela Universidade Federal do Ceará. Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará. Professor do Curso de Graduação em Artes Plásticas do IFCE. Artista plástico premiado nas edições de 2002, 2001, 2000, 1995 e 1994 do Salão de Abril. Tem obras nos acervos do Governo do Estado do Paraná; Museu Victor Meirelles, Florianópolis-SC; Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, Recife-PE; Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar; Museu da Universidade Federal do Ceará; Pinacoteca da Academia Cearense de Letras, Fortaleza-Ce. Participou das edições de 1997 e 1994 do Salão Nacional MAM Bahia; em 1997 do Panorama da Arte Brasileira, MAM, São Paulo-SP; em 2000 dos Rumos Visuais, Itaú Cultural, São Paulo-SP; em 2002 da Bolsa Residência Faxinal das Artes, Curitiba-PR.

Contato
Herbert Rolim : (85) 34720951 / (85) 88420951
herbertrolim@oi.com.br

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